Existem relatos da atuação de "justiceiros" nos morros cariocas agindo em defesa dos cidadãos daquelas comunidades. Estes abnegados paladinos da justiça combatem ladrões em troca de modestas contribuições dos comerciantes locais e do monopólio em alguns negócios como venda de gaz, transporte público e outros mais. Neste ponto é que vemos que a ação de grupos de extermínio à margem da Lei, age em benefício próprio e não em defesa da sociedade.
Não é diferente quando vemos a ação de "justiceiros" atuando na mídia em defesa da ética e no combate à corrupção, pois estas ações são seletivas. Denunciam-se alguns esquemas mas outros são "esquecidos". Um exemplo disso é o mensalão, denunciado prontamente e com veemência e a investigação das conexões do Carlinhos Cachoeira, cujos fatos ficaram anos sem investigação e paralizados sem que ninguém prosseguisse na investigação ou indiciasse quem quer que seja e sem muita ênfase mesmo depois de denunciado. Mesmo com a evidente conexão entre os dois fatos.
Ontem (30/07/2012) a Rede Globo destinou grande parte de seu noticiário "explicando" o que se convencionou chamar de "mensalão". Apresentou "provas incontestáveis" da participação dos acusados na ação movida por iniciativa do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, que declarou com veemência, suas conclusões sobre o processo que mereceu sua atenção, que não foi a mesma no caso das conexões de Carlinhos Cachoeira com o poder e com a mídia. Embora reconhecendo que poderá não haver condenação pela justiça, foram todos declarados culpados pela emissora e pelos demais veículos de comunicação que se empenharam na "investigação" do caso que se transformou num dos maiores escândalos do país.
O que não foi dito, é que o mensalão tem profundas ligações com a CPI do Cachoeira, já que toda a "investigação" no processo do mensalão teve início com a publicação de um vídeo gravado por um ex agente da ABIN, Jairo Martins, contratado por Cachoeira para fazer chantagem para que parte interessada conseguisse fechar um contrato com os Correios. É o tal vídeo no qual Maurício Marinho aparece negociando licitação em troca de suborno, embolsa quantia em dinheiro e cita respaldo do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) para realizar as negociações. Roberto Jefferson, acuado pela possibilidade de cassação, revela que o esquema era muito maior, que o PT mantinha um esquema de pagamento mensal de propina para que parlamentares apoiassem os projetos do governo no Congresso. A partir daí, com a possibilidade da derrubada de Lula, o caso ganhou notoriedade na mídia interessada no fim do governo petista.
Vemos que tuda a trama teve início com interesses pessoais de corruptos que se valeram dos meios de comunicação "amigos" para conseguir seus objetivos. O jornalista escolhido para fazer a denúncia foi Policarpo Jr, da revista Veja, cujas relações com o grupo produziu inúmeras outras reportagens "investigativas".
Por acaso, nas vésperas do julgamento do mensalão, Andressa Mendonça, esposa de Cachoeira, procura o juiz Alderico Rocha Santos, responsável pelo processo da Operação Monte Carlo, e pede alvará de soltura para Cachoeira em troca da não publicação de um dossiê contra ele. E cita, nada maias nada menos do que Policarpo Jr, antigo aliado do grupo. Isto talvez tenha provocado a condenação, Pelo Jonal Nacional, dos indiciados no processo do mensalão que tem atuado, junto com a Veja, como verdadeiros "justiceiros" em "defesa" da sociedade e contra a corrupção.
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