terça-feira, 9 de novembro de 2010

A destruição da esperança - Beato José Lourenço

Era um agricultor cansado da exploração dos latinfundiários paraibanos. Devoto de Padre Cícero, vai para Juazeiro do Norte e dedica-se às obras do sacerdote, que viu naquele homem, uma esperança, um caminho para o progresso daquela gente sofrida.

Com o apoio de Padre Cícero, José Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido como Beato José Lourenço, arrendou terras de um sítio - Baixa Dantas - e para lá se mudou com os flagelados da região, fundando uma comunidade que prosperou. Se não tivesse prosperado, tudo bem, mas prosperou e isto irritou os fazendeiros da região, que consideraram uma afronta um bando de pobres agricultores, sem berço nem posses, viver de sua própria produção. 

Foi assim que a comunidade foi acusada de idolatrar um boi que pertencera a Padre Cícero, o "Mansinho". Este boato ganhou força. E a Igreja Católica pressionou o Padre Cícero para que tomasse uma atitude contra a comunidade. Floro Bartolomeu, político ligado a Padre Cícero, ordenou a morte de "Mansinho" e mandou prender o Beato José Lourenço, que foi soltou uma semana depois.

O Beato José Lourenço resolveu mudar a comunidade para um local mais afastado e mudou para o sítio "Caldeirão", mais afastado. Estávamos em 1937 . Mas a questão central não era a localização, era o triunfo de uma gente pobre e sofrida. Isto representava uma "ameaça" aos proprietários da região. E a perseguição continuou a ser feita pelos latifundiários, que obtiveram o apoio da Igreja e, unidos, das forças federais, lideradas pelo capitão José Bezerra, que agiu contra "Caldeirão", sob denúncia de que lá vivia um grupo armado. Era mentira. Sem resistência, os colonos foram expulsos e as lavouras destruídas.

A ação militar em Caldeirão provocou a revolta de alguns dos seguidores do Beato José Lourenço, como o Beato Severino Tavares, que pregava a resistência armada. E o grupo funda uma outra comunidade, agora na serra do Araripe. E, como era de se esperar, a perseguição continuou. De novo ação militar contra os "revoltosos", o que resultou, sob o comando do Beato Severino Tavares, na morte dos invasores.

Foi então que Getúlio Vargas ordenou a ação militar que matou grande número de colonos e incendiou e destruiu a comunidade. Afinal de contas, é uma afronta muito grande uns pobres trabalhadores conquistarem a independência e a felicidade. A esperança dos pobres deve ser destruída.

4 comentários:

  1. É uma crônica absurdos que ainda hoje está na agenda das "elites": a criminalização dos movimentos populares

    ResponderExcluir
  2. Criminalizar é a palavra de ordem das elites, seguida pela nossa mídia.

    ResponderExcluir
  3. De quem é a pintura? Eu não conhecia essa história e acho que precisa ser lembrada!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A pintura peguei na Wikpedia. E a história realmente precisa ser lembrada.
      Obrigado pela visita.

      Excluir