quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A CPI dos Incêndios em Favelas - Mais uma ocorrência em São Paulo


No próximo dia 18 deste mês, publiquei um post relativo a um incêndio ocorrido na cidade de São Paulo. Tratava-se da Favela do Areão, localizada em uma estatégica área da cidade de São Paulo, na Zona Oeste (leia aqui).

Hoje, 23/08/2012 ocorre mais um incêndio em favela. Só que na Zona Leste, próxima à Estação Ipiranga da Compania Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), e ao Viaduto e Avenida Pacheco Chaves, em uma zona industrial, onde ficava a fábrica da Ford do Brasil, a Avenida Henry Ford, cujo acesso e prováveis investimentos imobiliários são atrapalhados justamente pela favela providencialmente incendiada hoje, como aconteceu em outras áreas promissoras antes coupadas por favelas e hoje "urbanizadas" como, por exemplo, a Favela do Real Parque no Morumbi.

Existe uma CPI na câmara de vereadores de São Paulo justamente para investigar os sistemáticos incêndios que ocorrem na cidade de São Paulo, em uma ação que visa "limpar" a cidade para que prevaleçam os projetos de "reurbanização", abrindo caminho para importantes e caros empreendimentos imobiliários no lugar onde antes existiam favelas, que de 2007 a 2011 somaram 262 incêndios, segundo o Corpo de Bombeiros. Mas esta CPI não é sequer noticiada já que os atingidos são gente pobre e sem opção de moradia.

Apesar das centenas de desabrigados e das mortes causadas pelo fogo, as respostas enviadas por 67 dos 103 distritos policiais (DPs) da capital à CPI apontam que a apuração das causas dessas ocorrências carecem de explicações. Nem sempre é aberto um inquérito policial ou realizada perícia no local e na maior parte dos casos, não foi possível determinar a origem do fogo porque os inquéritos não são conclusivos. As informações constam das informações recebidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Incêndios em Favelas, instalada pela Câmara Municipal.

A falta de clareza na tentativa de "justificar" os incêndios é impressionante:
  • A delegada Joana Darc de Oliveira justificou a falta de investigação de um grande incêndio ocorrido em junho de 2010, no bairro do Campo Limpo, zona sul: “O incêndio, sem vítimas de lesão, aconteceu pelos motivos que acontecem todos os demais: barracos de madeira ou papelão alimentados por curto-circuito e sobrecarga na rede elétrica conhecida como gato, promovida por moradores, e que não necessariamente iniciou-se de forma criminosa, portanto fato atípico a ser apurado em inquérito policial”. 
  • Existem outros "laudos" igualmente inconclusivos sobre a situação, como o do o perito Ivo Arnaldo Valentini, que escreveu que “A causa mais provável para o aparecimento das chamas foi resultante de um curto-circuito na cablagem elétrica, ou mesmo um coto de vela deixado aceso, ou mesmo um ato intencional praticado por algum meliante”.

Volto a afirmar: Não sou contra o desenvolvimento e a valorização de áreas estratégicas. Só acho que se deveriam encontrar formas menos agressivas para retirar daquelas áreas seres humanos que ali se instalaram  por absoluta falta de opção morando em favelas sem urbanização e sem assistência alguma. Não seria o caso dos próprios "investidores" interessados nas áreas, com apoio das autoridades municipais responsáveis (Prefeitura) fornecessem moradias dignas aos moradores em troca das áreas ocupadas?

Minha idéia não é posta em prática porque oneraria demais tais investimentos. É preferível que hajam estes tipos de "acidentes" para baratear os investimentos.

Até quando continuaremos vendo estas atrocidades?

Com informações do Portal Terra e Agência Brasil.

6 comentários:

  1. No município de Barueri, a prefeitura a alguns anos atrás fez uma experiencia interessante.
    Pegou uma área desocupada e de grande extensão, financiou as casas e material de construção e incentivou os moradores de favelas a irem para o local. Depois criou algumas linhas de ônibus desta localidade para os demais pontos importantes da cidade e reurbanizou o local das antigas favelas, criando também os zoneamentos industriais e comerciais. Em paralelo, foram criados condomínios fechados de alto padrão.
    Conclusão, hoje este município é considerado o de maior IDH, Índice de desenvolvimento humano e um dos municípios de maior arrecadação per capita do país. Ou seja, se for feito da maneira correta, funciona e ao invés de onerar, trás retorno financeiro. O que falta é vontade política.
    Um grande abraço

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    1. Bem lembrado.
      Em São Paulo, a região da Vila Olímpia, anos atrás, era uma favela. Jânio Quadros fez a mesma coisa e hoje nem precisamos falar. Basta visitar a área e fazer uma visita ao Shopping JK e aos edifícios da Rua Fuchal.
      Você tem toda a razão. Falta vontade política.

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  2. Bem, é só seguir o rastilho .... quem ganha com isso?

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  3. Alguém sabe dizer qual é a situação da Favela Real Parque hoje? A área foi ocupada pela EMAE? Da última vez que li sobre o assunto, a reintegração de posse não tinha sido um passo legal, pois havia regularidades no processo.

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