segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Popularidade de Lula: um fenômeno da ignorância popular?


A mídia nos tenta (quando dizemos nós, me refiro aos nordestinos, pobres e sem estudo) fazer acreditar que o povo está mais preocupado com as bolsas família, aposentadorias, empregos, tudo que é de seu interesse direto. A macroeconomia ele não entende, nem opina. Também tentam-nos fazer acreditar que Serra, FHC ou Lula, têm um passado de esquerda.

Entretanto temos que considerar que a linha de atuação dos dois governos, FHC e Lula são diferentes: o primeiro, neoliberal, altamente privatizante, já que enfraqueceu e entregou várias empresas inclusive a Petrobrás (em parte, pelo menos), algumas delas de interesse estratégico como no caso da Vale e privilegia o grande empresário com o discurso que, com o seu fortalecimento, possa distribuir as riquezas geradas com recolhimento dos impostos o que, na prática, não é verdade; o segundo, que não podemos chamar de estatizante porque não estatizou nem criou monopólio de nada que já fosse, mas fortaleceu as empresas estatais tornando-as melhores e capazes, privilegia investimentos na área social. Com isto, de um lado distribui melhor as riquezas e de outro pulveriza os investimentos, fortalecendo o consumo e beneficiando o empresariado com ênfase para o micro, pequeno e médio, que incrementa a economia através deste próprio consumo levando ao desenvolvimento do país como um todo e aumentando a distribuição de renda.

Não é tão sutil assim. Neste caso não podemos dizer que FHC e Serra sejam de esquerda uma vez que o social fica em segundo plano. O estado não distribui: isto fica para o mercado.

Por outro lado, atuando com uma linha mais à esquerda, Lula cortou privilégios para os grandes empresários, que são anunciantes, sem criar antes uma base sólida de apoio midiático. Isto atraiu para si uma enxurrada de ações que, desde o princípio, tenta sua derrubada. Enfrenta preconceitos contra sua origem de pobre, nordestino e sem instrução e uma campanha que visa produzir notícias que levem ao descrédito aquilo que faz e, principalmente, o que não faz ou que não se preocupou em exterminar. Tivemos o “cáos aéreo”, que na realidade não tem nada a ver com o governo federal. Tivemos o “mensalão”, que até hoje é lembrado, mas que sabemos que não teve início em seu governo, mas foi possibilitado pela privatização via tubarões e se iniciou há muito tempo atrás. Tivemos a crise financeira mundial, na qual a mídia atuou na tentativa de provocar a desestabilização psicológica do empresário e do consumidor provocando o caos financeiro mas que, felizmente, não deu certo. Tivemos a “crise do senado” visando atacar o seu novo aliado, que foi aliado de todos os governos desde a ditadura militar, pulando de navio em navio à medida que estes fazem água, o conhecido José Sarney através dos atos secretos que, mais uma vez, teve início no governo FHC com ele próprio e o ACM (lembram?).

Ou seja: a mídia "descobriu" no governo Lula todas as mazelas de governos anteriores e imputou-lhe culpa, na tentativa de desacreditá-lo perante a opinião pública destruindo o apoio deste próprio povo, que eles julgavam pelo estigma de pobres, nordestinos e sem instrução: logo, idiotas. Erraram: pobres sim, nordestinos sim, ignorantes sim, burros não. Este povo defende seus interesses da mesma forma que os empresários paulistanos ricos e cultos o fazem. E é aqui que entra a palavra chave do que foi dito acima: "interesse".

Em uma democracia estão em jogo interesses. E o povo agora descobriu que ele pode defender seus próprios interesses e que este interesse não é o mesmo que o dos empresários paulistas ricos e cultos. Descobriu também que a democracia deve privilegiar o interesse da maioria e que este é o caminho correto para o desenvolvimento do próprio país. Ou seja: descobriu que a macroeconomia boa é aquela que traz desenvolvimento para o povo. Logo, para o país. E manda às favas as teorias econômicas totalmente furadas que causou a crise financeira.

Por isso o governo continua tendo altos índices de popularidade: é um fenômeno da sabedoria popular.

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