sábado, 15 de agosto de 2009

Woodstock, visto por mim, 40 anos depois

Tinha 18 anos. Gostaria de ter ido mas não fui. O Brasil estava em plena ditadura e por causa dela havia me transferido para o interior do Estado de São Paulo. O mundo vivia a guerra do Vietnã. E eu naquela turbulência vivendo meus melhores e piores dias, descobrindo sentimentos e emoções que concluíam minha formação junto com a formação do mundo como hoje os jovens o conhecem.
Eu descobri que o jovens do interior de São Paulo tinham os mesmos sentimentos e pensamentos que eu, que por causa da ditadura migrara para uma cidade militar. Eu descobri que os jovens são jovens e que não havia distinção de sentimentos entre eles, revoltados com a ditadura, com a guerra do Vietnã e com os costumes e a sociedade. O mundo melhorou por nossa causa. Hoje os filhos dos brigadeiros de então talvez hoje sejam brigadeiros melhores. Os filhos dos civis que marcharam pela tradição e pela família hoje são socialistas defensores da democracia e da liberdade. Todos nós, jovens de então, criamos um novo mundo que está melhor.


Em meio a tudo isto assistíamos extasiados a Feira de Música & Ate Woodstock, que hoje, sábado, 15 de agosto de 2009, faz 40 anos. Eram 15 de agosto de 1969 e na fazendinha de 2,4 quilômetros quadrados de Max Yasgur, na cidadezinha rural de Bethel, Nova York, acontecia a grande mostra da Era de Aquarius que exibiu ao mundo sua face libertária, provocadora, iconoclasta, naturista, enlameada e confusa.


Éramos todos utópicos hippies e sonhávamos com um mundo diferente e melhor. Posso dizer que, 40 anos depois, o mundo tornou-se melhor. Não a sociedade anarquista sonhada pelos hippies de então, mas melhor do que era até então. O festival detonou uma revolução comportamental. No Brasil o AI5 institucionalizava o regime de excessão. Richard Nixon, eleito com o discurso havia feito uma campanha baseada no lema ‘paz com honra’ no Vietnã, pressionado pela opinião pública mundial (a guerra durou até 1975). Em meio a isto tudo, Woodstock. Em meio a isso tudo, eu e os restante dos jovens. Joan Baez, grávida de seis meses, sobe ao palco encerrando as apresentações do dia 15 de agosto, uma sexta-feira. No dia seguinte, Carlos Santana e Janis Joplin sobem ao palco bisando duas das músicas apresentadas. Maconha era fumada por todos mas a droga da moda era o ácido liségico, o LSD.

Vendidos 186.000 ingressos, esperava-se um público de 200.000 pessoas. Compareceu o triplo do esperado e o festival tornou-se livre e gratuito. Um mês antes Neil Armstrong pisara na lua, para desespero dos poetas, seresteiros e namorados, como disse Gilberto Gil na época. Um mês depois Charles Elbrick seria sequestrado.

Os jovens mudavam o mundo e no meio do torvelinho estava eu, um jovem que ajudou a mudar o mundo.

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