domingo, 6 de janeiro de 2013

"Diretas já" faz 29 anos - O que foi o movimento?



A abertura política

A época era a de abertura política. Governava o último militar, João Figueiredo. A ditadura militar claudicava por sucessivas crises econômicas e era obrigada a fazer concessões, o que nos levou à democratização gradual iniciada no governo anterior, de Ernesto Geisel. 

Em 1979 houve a anistia, seguida da abertura política e com a instituição do pluripartidarismo quando, em 1982, os eleitores puderam eleger pela primeira vez, desde 1964, governadores dos Estados. Entre os novos partidos políticos, tínhamos o PTB, o PDT e o PT. A então oposição conseguiu eleger Franco Montoro e Tancredo Neves do PMDB, respectivamente governadores de São Paulo e Minas Gerais e Leonel Brizola, do PDT, governador do Rio de Janeiro.

No Congresso Nacional A bancada do PDS somou 235 deputados e a dos partidos de oposição 244 (200 do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, – 23 do Partido Democrático Trabalhista – PDT -, 13 do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB e 8 do PT).

Movimento popular - Emenda Dante de Oliveira

Poderíamos dizer que o movimento tem, na realidade, 30 anos, pois foi proposto pela primeira vez pelo então senador Teotônio Vilela em 1983. E as primeiras manifestações ocorreram em 31 de março de 1983, sem muitos participantes, defendendo as eleições diretas.

As manifestações se sucederam em Goiânia, Teresina e São Paulo, ainda em 1983. A cada ato, o número de participantes crescia. Em 05 de janeiro de 1984, houve manifestação em Curitiba reunindo cerca de 40.000 pessoas e, após várias outras manifestações pelo país afora, em 25 de janeiro do mesmo ano foi a vez de São Paulo, reunindo 300 mil pessoas, no mesmo dia em que o Congresso rejeitava a emenda Dante de Oliveira.

Era o maior (ou o único) movimento realmente cívico-popular já registrado na história do Brasil.

Apoio dos governos estaduais e da mídia

Graças à crise econômica, o movimento ganhou expressão com o apoio dos governos estaduais de oposição, de empresários e da maior parte da mídia, excessão feita às organizações Globo, que noticiaram o evento no dia 25 de janeiro de 1984 na Praça da Sé, em São Paulo como comemorações pelo aniversário da cidade e, em sua edição impressa, sempre defendeu o colégio eleitoral e alertou para a possibilidade de fechamento democrático tendo em vista a "desordem" (na opinião do jornal) relativa às manifestações populares. Mas esta não era a opinião da Folha de São Paulo, por exemplo, que fez a cobertura do evento.

O apoio do governo estadual era patente, tanto que no dia 25 de janeiro de 1984 o metrô de São Paulo funcionou com catracas livres.

Nas apresentações dos comícios duas figuras se destacaram: Ulysses Guimarães, e Luis Ignácio da Silva (Lula), o primeiro deputado federal pelo PMDB, e o segundo, líder do PT, presentes em todas as manifestações.

No Rio de Janeiro, em 10 de abril de 1984, houve reunião de mais de um milhão de pessoas em frente à Candelária, seguido por passeata em São Paulo, que reuniu mais de um milhão e meio de manifestantes.

Justamente pela participação dos governos estaduais, se impunham limites às manifestações, tanto é assim que foi retirada, pela polícia e por militantes do PDT, no último comício do Rio de Janeiro, da faixa aberta onde se conclamava à greve geral, proposta pela CUT na época.

Consequências

O governo federal reagiu com aumento à censura à imprensa, repressão policial violenta e prisões. Mas nada disso foi capaz de evitar, em 1985, a eleição de um civil e a promulgação, em 1988, de uma nova Constituição Federal.

Graças a isto vivemos hoje, no Brasil, uma democracia.

Este post recomenda  artigo publicado pelo pesquisador da PUC - São Paulo - Vanderlei Elias Nery

2 comentários:

  1. Amigo Erick:
    Um texto muito bem trabalhado...Parabenizo-o pela publicação!
    Valeu apena conferir!
    Abraços,
    LISON

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  2. História, que muitos vivenciaram de perto .....

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