segunda-feira, 19 de setembro de 2011

As "ditaduras boas" e as "ditaduras ruins"

O Iêmen está em crise. Existe lá um ditador que se mantém no poder há 35 anos e a população, seguindo o exemplo de outras nações islâmicas, pede o fim da ditadura. 

Entretanto a repercussão na imprensa ocidental é completamente diferente da luta por liberdades em outros países. Os protestos foram inciados contra o desemprego, as condições econômicas e a corrupção, bem como contra as propostas do governo para modificar a constituição do Iêmen. As exigências dos manifestantes, em seguida, encaminharam para pedidos de renuncia do presidente Ali Abdullah Saleh.

A repressão contra os manifestantes já fizeram cerca de 300 vítimas. Mas não vemos a mesma indignação na nossa imprensa, que deve considerar Saleh como um ditador "bonzinho". Acusado de roubo, corrupção e ação contra civis, ele é aliado dos Estados Unidos, que tenta uma renúncia a favor de um outro que seja tão "bonzinho" como ele.

É muito estranha a existência de ditaduras "boas". 

A agência AFP noticia em 04/09/2011:


AFP - SANAA, Iêmen — Milhares de opositores se manifestaram neste domingo em Sanaa para pedir a saída do poder do presidente Ali Abdullah Saleh, ausente do país há quatro meses, apesar da mobilização massiva das forças de ordem, segundo um correspondente da AFP.
As forças de segurança e o exército reforçaram sua presença na capital e fecharam todos os acessos ao tráfego desde a tarde de sábado.
Apesar disso, milhares de pessoas marcharam pelas ruas próximas à Praça da Universidade, rebatizada como Praça da Mudança pelos opositores, protegidos pela Primeira Divisão Blindada, que se uniu ao movimento de protesto.
Outras manifestações foram realizadas em diversas cidades, especialmente no sul e em Taez, a segunda maior cidade do país, onde na tarde deste domingo ocorreram confrontos entre soldados dos corpos de elite do exército e membros armados das tribos da região.
A oposição anunciou no sábado uma intensificação das manifestações até a saída do poder de Saleh, que se recupera na Arábia Saudita após sofrer um atentado em Sanaa no dia 3 de junho.
Mas parece que ninguém liga para este fato, pois segundo o governo daquele local, os manifestantes são terroristas. Assim como também terroristas são os palestinos que lutam para o cumprimento da decisão da ONU de 1947, quando dividiu o território da Palestina com Israel. Israel foi reconhecido e a Palestina, até hoje, não. Quem luta pelo reconhecimento da Palestina é terrorista. Quem luta contra o ditador Saleh é terrorista. Quem luta contra Kadafi, quer liberdade e recebe ajuda internacional.

Até quando vamos considerar "bons" ditadores corruptos e sanguinários apenas porque nos convém?



Um comentário:

  1. Perfeita suas colocaçõe! É sempre assim, quando são aliados dos EUA, os ativistas são terroristas e quando não são aliados dos EUA, os ativistas são libertadores da opressão.

    Abraços,
    Manoel

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