domingo, 13 de junho de 2010

O esquadrão de militantes pagos pelo dinheiro público


A Folha de São Paulo hoje, 13/06/2010 como não poderia deixar de ser, faz uma longa reportagem sobre o lançamento da campanha de Serra à presidência da república. A principal manchete é bombástica: "Governo banca esquadrão de militantes, diz Serra". Como gosto de analisar os órgãos de divulgação de campanha, li pacientemente os artigos e sou obrigado a concordar com a manchete, pois é a mais pura verdade. 


O governo realmente banca o esquadrão de militantes. O discurso de Serra se inicia falando mesmices sobre democracia e justiça, que para ele deve significar aparato policial já que é assim que trata manifestações populares. Depois passa pela liberdade de imprensa que para ele deve ser concentradora e monopolizante como a que temos hoje no Brasil, defendendo os interesses maiores dos oligopólios e das elites ricas e brancas. Logo após escorrega no item "organização social". Para ele o povo, a classe menos favorecida é o esquadrão de militantes ao qual se referiu.

O órgão de divulgação cita apenas o trecho no qual ele diz que: "Não tenho esquemas, não tenho máquinas oficiais, não tenho patotas corporativas, não tenho padrinhos". Mas retira do contexto a linha de raciocínio do candidato, que revela sua verdadeira face e suas tendências ideológicas de direita, onde manifesta a crença da submissão dos escravos aos seus senhores. Os esquemas aos quais ele se referiu e objeto da manchete de seu órgão de divulgação, tem a ver com as organizações sociais e sindicatos. 

Ele diz: "Acredito na liberdade de organização social,  que trabalhadores e setores da sociedade se agrupem  para defender interesses legítimos, não para que suas entidades sirvam como correia de transmissão de esquemas de Poder. Organizações pelegas e sustentadas com dinheiro público devem ser vistas como de fato são: anomalias." Em primeiro lugar, os sindicatos não são sustentados pelo dinheiro público. Principalmente hoje, quando os sindicatos sobrevivem exclusivamente das contribuições de seus associados. Em segundo lugar, ele considera anomalia a defesa de interesses das "organizações sociais" através do apoio a partidos que as representem. Para ele, a defesa de interesses legítimos deve se restringir às relações trabalhistas como se os trabalhadores não tivessem o direito de manifestar sua cidadania e a participação nas decisões sociais que, na opinião dele, devem ser ditadas pelos senhores proprietários e não pelas classes trabalhadoras. Isto revela uma tendência à ultrapassada crença na oligarquia, em um governo de poucos em benefício próprio com amparo na riqueza pecuniária.

Por outro lado, temos que considerar que as políticas sociais desenvolvidas pelo atual governo permitiram ascensão e conquista social, demistificando o conceito de que só os oligarcas são capazes de decidir o que é melhor para a sociedade como um todo. Foi através da destinação de recursos públicos para possibilitar a conquista social que foi possível o início desta ascensão. E agora sou obrigado a concordar com o texto, já que se encontra dentro do contexto do discurso.

Nós, a classe menos favorecida, passamos a ter acesso a uma série de benefícios que antes não tínhamos. E isto só foi possível através dos investimentos nas áreas que propiciaram esta ascensão. Se nós, a classe menos favorecida somos, na opinião dele, uma "patota corporativa", tudo bem. É uma questão de semântica. Quanto à palavra "pelegos" ou seja, os dominados e subservientes, é um eufemismo para traduzir sua revolta contra os que defendem a continuidade das conquistas sociais. Normalmente os trabalhadores se referem a pelegos aqueles que são subservientes ao patrão. Ele se pronuncia a expressão sobre o apoio à política adotada atualmente, que vai contra interesses oligárquicos.

Desta forma, se queremos maiores conquistas, se desejamos uma política democrática e igualitária, devemos assumir nosso papel e, como um esquadrão de militantes, devemos lutar para que o dinheiro público continue a ser destinado às nossas conquistas sociais.

Observação: se tiver interesse em ver a íntegra do discurso de Serra, acesse o órgão oficial de sua campanha clicando aqui.


Observação 2: Sobre esquadrão de militância paga, o Serra entende, pois pagou R$ 35,00 a cada militante que o aplaudiu (veja aqui). 

Um comentário:

  1. Pois é, meu amigo. Entendeu como lhe conveio.
    Aos mais atentos e mais bem intencionados, entenderam o que Serra disse.
    Os militantes do PT há muito não são os pobres que diz, não são coitados facilmente enganados por uma política onde se cobra trilhões em impostos e em contrapartida devolve 11 bilhões em esmola e mostra o quão esses pobres necessitam dessa esmola na TV.
    Os militantes que Serra se referiu, são os milhares que se escondem por trás de maquiagens à obras que não existem, são o mentirosos que fabulam que os ricos odeiam esse governo, são os elitizados mascarados de sindicalistas.
    Entenda como quiser, mas o populismo petista engana muitos, mas não todos.

    Um forte abraço!

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