domingo, 12 de julho de 2009

Mundo Paralelo

Sentado na cama com a cabeça coberta e usando o fone de ouvidos está o homem: nada a fazer a não ser esperar que não venha um novo surto.

Por vezes ele nos deixa penetrar em seu mundo fechado. Vozes insistem em assuntos desagradáveis que, na maior parte das vezes, não sabemos ao certo quais são. Às vezes, sabemos que se tratam de insultos dirigidos a ele. Outras, de ordens para que sejam tomadas atitudes que ele não gostaria de tomar. Fica sempre o temor que as ordens sejam de atitudes violentas e que ele obedeça.

Inteligente. Nas raras vezes nas quais estabelece uma conversação, demonstra uma memória acima do normal, com um grau de conhecimento muito superior à média, demonstrando domínio do assunto tratado. No decorrer da conversa entretanto, percebe-se que não existe uma linha de raciocínio. Não raro a conversa descamba para afirmações absurdas e fantasiosas ao extremo. Ele não consegue um raciocínio baseado na realidade. Muitas das vezes a fantasia é espetacular e totalmente irreal, chegando às raias do absurdo.


Não se trata de cena de novela. Trata-se da vida real. A situação relatada é real. Paranóa e idéias delirantes alternando catatonia, indiferença e isolamento. Todos estes sintomas têm o rótulo de esquizofrenia. Não existe cura e o tratamento é difícil. Difícil porque embora o doente adquira conhecimento de sua enfermidade, não admite a situação e desenvolve, por conseqüência da própria doença, uma interpretação fantástica dos motivos que a ocasionaram e sobre o tratamento ao qual deva se submeter. Ele se acostumou à paranóia e os medicamentos que a alivia, segundo o doente, esvazia o seu cérebro.


O que fazer? Seus responsáveis se sentem impotentes. Não existe interesse da sociedade em recuperar estas pessoas. No caso relatado em particular, existe fluência em inglês sem que a pessoa tenha freqüentado um dia sequer de aula. Seu conhecimento de assuntos diversos é excepcional. Desenha muito bem. Só que ele não dá a mínima para tudo isto e se acha inferior. Não percebe que a sua capacidade de produzir algo é enorme. Só que a apatia é patente. Não se dedica à nada.


Seria importante se houvesse uma saída para esta situação. Se alguém souber, por favor me digam qual é.

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