domingo, 19 de julho de 2009

HONDURAS E A NOVA TENDÊNCIA MUNDIAL

A crise em Honduras é emblemática. Através desta crise, com enormes dificuldades e sofrimento para o sofrido povo hondurenho, percebemos que o mundo mudou. Faz parte da evolução da humanidade. E o momento em que, numa república latino americana houve um golpe militar depondo um líder eleito e querido pelo povo, coincide com a crise financeira mundial. O que uma coisa tem a ver com a outra? Na minha opinião, tudo.

Quando deposto Manuel Zelaya através de um golpe militar, a comunidade internacional se levantou contra esta ação. OEA, ONU, Estados Unidos e as nações latino americanas se mobilizaram e isolaram os autores do golpe. Está sendo negociado o retorno de Zelaya. Não se aceita mais golpes como o que houve no Chile com a deposição de Salvador Allende. Hoje o conceito de democracia está muito mais fundamentado e não se admite mais ações ostensivas intervindo em uma sociedade.

O sistema de castas evoluiu. O sistema feudal evoluiu. O sistema imperial, onde a nobreza ocupou o lugar do suzerano evoluiu. O sistema liberal burguês, onde os detentores de capital ocuparam o lugar dos nobres também evoluiu. Quando a União Soviética se dissolveu e houve a liberalização do sistema comunista, apregoou-se que o socialismo havia acabado. Não acabou: fez parte de uma transição. As nações latino americanas mostraram que existe uma terceira via que não é comunismo totalitário nem capitalismo selvagem. A crise do capitalismo levou ao poder Barack Obama, um líder que se propõe a dialogar e buscar alternativas ao modelo social dos Estados Unidos porque o mundo mudou.

As mudanças no Brasil coincidem com as mudanças do mundo. Acredito que haverá uma solução para Honduras justamente porque o mundo mudou. Uma nova ordem nos indica que hoje o conceito de povo, de cidadão, mudou. Cidadão não é mais a casta privilegiada, os suzeranos, a nobreza bem nascida ou a burguesia. Povo hoje tem um conceito mais amplo. A função do governo deve ser a de arrecadar tributos e distribuir oportunidades e não privilégios. Quando aumentamos as oportunidades para o povo em geral aumentamos a circulação das riquezas e ampliamos o consumo melhorando a vida para todos. Inclusive para as classes dominantes. Considerando como aumento de oportunidade a educação, saúde, incentivos aos pequenos produtores com simplificação dos impostos e incentivos fiscais e econômicos.

Não podemos perder de vista que não são admitidos mais a distribuição de privilégios mas de oportunidades. Miguel Zelaya representa, para Honduras, o início desta mudança que é a tendência latino americana e, porque não dizer, mundial já que os Estados Unidos mostram tendência às mudanças adaptadas à sua sociedade e a Europa há mais tempo mostra disposição a seguir esta tendência.

No Brasil temos que ficar alertas para que não percamos a linha de evolução que estamos seguindo desde a democratização. Não podemos nos descuidar na escolha de nossos líderes para que continuemos acompanhando esta tendência mundial.

2 comentários:

  1. E quem disse que o Brasil não será o país do futuro? O problema é que não vivemos de futuro já que o presente é a nossa melhor escolha.
    As mudanças são bem vindas afinal tudo no mundo muda, conceitos e etc... Descobertas diárias nos mostram que ainda temos muito a fazer como sociedade. Acredito que essas mudanças já tenham começado há muitos anos atrás.

    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Olá!

    Gostei do artigo.

    Eu abriria uma exceção à indignação ou reação contrária dos EUA ao golpe em Honduras. Honduras sempre foi um quartel dos EUA, que servia de base para suas intervenções na América Latina.

    O presidente é novo, mas, os EUA continuam os mesmos. A diferença fundamental do Obama em relação ao Bush é que ele – o Obama – é dissimulado.

    O H. Chaves cresceu em influência na América Central, enquanto o Bush corria atrás de terrorista e de petróleo no Oriente Médio. O Obama deixou bem claro em sua campanha, que iria resgatar a “influência” dos EUA na região perdida pelo seu antecessor.

    Apesar de sua imagem de bom moço criada pela mídia, ele é presidente dos EUA, e em um momento perigoso, que é o de perda de poder e influência no mundo, que é fato.

    Se achar conveniente colocarei um link para um artigo, que tem um link para um artigo do Noam Chomisk, um analista – norte americano – da verdadeira face da democracia dos EUA.

    http://colunadleitor.blogspot.com/2009/05/apesar-da-propaganda-e-do-novo.html

    Um abraço.

    ResponderExcluir