Hoje, acreditem, é o dia do índio, os povos que foram sacrificados, escravizados, espoliados e que foram privados de suas terras e riquezas justamente pelos descendentes dos europeus que aqui se instalaram. Isto criou uma imensa dívida social para com os descendentes destes povos, originais proprietários de todas as terras e riquezas do que hoje é o Brasil.
Mas o Brasil tem feito algo. Não para resgatar os prejuízos causados, mas para compensar de alguma forma esta enorme dívida. Trabalhamos em duas frentes: integração e preservação.
Integração
Em 19 de abril, o evento Abril Saúde Indígena vai discutir com as comunidades ações do governo federal que garantam o direito à saúde dos cerca de 220 povos indígenas que habitam o território brasileiro. O evento, realizado entre 18 e 20 de abril, é uma iniciativa da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que é uma nova secretaria, criada em outubro de 2010 e responsável por coordenar a política nacional de atenção à saúde indígena, promovendo o diálogo intercultural, ampliando o acesso e qualificando os serviços, observando as características e especificidades de cada etnia.
Durante o Abril Saúde Indígena serão lançados programas estratégicos voltados para essa população. As ações, já implantadas pelo Ministério da Saúde, serão adaptadas à realidade indígena. Serão os programas Brasil Sorridente Indígena, Rede Cegonha Indígena, Programa de Controle do Câncer de Colo de Útero e de Mama Indígena.
Preservação
O Brasil é o único país a ter uma política pública de proteção aos povos que, por autodeterminação, se recusam a fazer contato. Há tribos no Sudeste Asiático, África e Américas que permanecem em territórios isolados. O direito ao território é uma questão de sobrevivência para esses grupos, tendo em vista sua interdependência com o ambiente. Para garantir esse direito, a Fundação Nacional do Índio (Funai) conta com 12 Frentes de Proteção Etnoambiental, no Mato Grosso (duas), Maranhão (uma), Pará (duas), Amazonas (três), Acre (uma), Rondônia (duas), e Roraima (uma).
As equipes realizam pesquisas de campo, levantamentos etno-históricos para dimensionar e identificar o território, além de ações de proteção, vigilância e fiscalização da terra indígena. “Nós só fazemos contato direto se formos procurados e, ainda assim, é feito um trabalho para que sua cultura seja preservada”, afirma o presidente da Funai, Márcio Meira
Qualquer agressão ambiental poderia colocar em risco a conservação do isolamento, já que, sem caça ou coleta, eles seriam obrigados a procurar comida em regiões habitadas por brancos ou índios já contatados.
Segundo Meira, em algumas nações, essa proteção é feita por meio de organizações não-governamentais (ONGs). “Temos contato com países vizinhos, que partilham territórios de populações isoladas, para desenvolver cooperação técnica nessa área”, afirma.
Justamente por estarem isolados, não se sabe ao certo quantos ou quem são esses índios. Meira conta que há uma frente mantida para proteger dois (até onde se sabe) remanescentes de uma tribo massacrada por brancos nos anos 1980. “Uma terceira pessoa dessa aldeia, uma mulher que é parente deles, vive hoje em uma tribo haitiana que tem uma língua semelhante à dela”, conta Meira.
As duas ações visam integrar e qualificar os índios que foram aculturados. Por outro lado, para os não aculturados, procuramos dar condições para que a cultura original dos povos seja mantida íntegra. Enquanto por um lado garantimos o acesso à vida urbana através da preparação para que tenhamos comunidades calcadas em sua cultura singular com os meios de sobrevivência modernos, por outro garantimos a cultura da forma mais íntegra dessas comunidades que vivem de acordo com sua cultura e tradição.
São importantes iniciativas que devem merecer nosso apoio e colaboração para que possamos dizer do respeito que hoje temos por estas comunidades exemplares.
Dexo aqui minha homenagem a estes povos que merecem viver de acordo com sua cultura e tradições.
Fonte: SECOM