Corredores formados pelas forças gravitacionais entre planetas e outros astros podem baratear o custo de viagens espaciais, afirmou o físico Shane Ross, da Universidade Virginia Tech, dos Estados Unidos, durante o Festival de Ciências Britânico.
Segundo Ross, os corredores gravitacionais funcionam como “correntes marinhas”, pemitindo às naves espaciais “surfar” pelo espaço gastando pouco ou nenhum combustível.
Cientistas americanos agora tentam mapear esses corredores no espaço. De acordo com Ross, esta técnica poderia ser particularmente útil para explorar luas em órbita em torno de planetas.
Os chamados tubos gravitacionais conectam os Pontos de Lagrange – pontos específicos em que forças gravitacionais e órbitas de astros se contrabalançam no espaço.
“Basicamente, a ideia é de que há caminhos com baixo nível de energia ligando planetas e luas, o que iria diminuir drasticamente a necessidade de combustível”, disse Ross.
“Seriam caminhos de ‘queda livre’ no espaço, em torno e entre corpos gravitacionais. Em vez de simplesmente cair, como na Terra, você cai por esses ‘tubos’. Cada um deles começa estreito e pequeno e, a medida que se afasta, se amplia e, às vezes, se divide.”
“Gosto de pensar que eles são semelhantes a correntes marinhas, mas são correntes gravitacionais”, afirmou Ross.
Segundo o físico, viajar nos tubos gravitacionais é diferente de explorar o efeito “estilingue”da gravidade de um planeta ou uma lua, uma técnica rotineira nas viagens espaciais.
“O efeito estilingue não o coloca na órbita de uma lua”, diz ele, “esta técnica sim”.
De acordo com Ross, apenas uma missão espacial americana explorou esta técnica. A nave Gênesis foi lançada em 2004 para capturar partículas de vento solar e trazê-las de volta à Terra.
O uso dos corredores gravitacionais permitiu que a nave carregasse dez vezes menos combustível. A missão acabou fracassando porque o paraquedas não abriu na hora do pouso.
Os corredores gravitacionais são especialmente úteis nas viagens entre luas de um planeta, disse o físico.
“Uma vez que você chega a outro planeta que tem seus próprios ‘tubos’, você pode usá-los para explorar suas luas”, afirmou Ross. “Você poderia viajar entre as luas de Júpiter essencialmente de graça. Tudo o que você precisaria seria um pouco de combustível para corrigir a rota.”
Mas segundo ele, o baixo custo também implica em maior demora, e uma viagem entre um sistema de luas poderia levar meses.
O físico também ressaltou que sempre será necessário o uso de combustível nas viagens espaciais, e que tentar chegar da Terra a Marte por um desses corredores levaria milhares de anos.
Fonte: BBC Brasil
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