domingo, 4 de setembro de 2011

Imprensa livre - Pelo fim da censura


Hoje os principais meios de comunicação estão nas mãos de poucas empresas. Trata-se de um setor de interesse público que está concentrado, onde, inclusive, se pratica a propriedade cruzada dos meios de comunicação, onde tais empresas, além de controlarem, em seu cartel todos os gêneros de mídia, controlam também sua difusão e distribuição, fechando as portas à concorrência.

E estes mesmos principais meios de comunicação, chamados de "grande imprensa", se tornaram grandes graças à outorga deste poder pela censura, no regime militar. Nesta época, jornais e emissoras de rádio e televisão que ousavam desafiar o poder constituído, eram fechados pela força ou pela falta de condições de sobrevivência. Mas alguns, que colaboraram com a ordem então constituída, ficaram e se fortaleceram, tornando-se verdadeiros impérios.

Com a "anistia" e com a "auto-anistia", com a queda do regime ditatorial, não houve alteração no quadro midiático. As mesmas empresas "colaboracionistas" continuam com a mesma linha editorial daquele tempo. Uma linha editorial que defende os mesmos interesses de outrora. Esta "grande imprensa" é o juiz que decide o que é melhor para a população. O que a população deve ou não saber. Algumas notícias, se tornam ordem do dia. Outras são engavetadas. Não há diversidade, pois a empresa "A" noticia e a "B" e "C" repercutem. Trata-se de censura ostensiva dos fatos que a sociedade deve saber. A mesma censura dos tempos da ditadura.

Temos a internet, que pluraliza. Na internet os fatos são noticiados. Mas a "grande imprensa" reage. Procura fazer crer que as notícias divulgadas pela internet não têm a mesma "credibilidade" da deles, quando às vezes ocorre ao contrário disso. Existe até o projeto de lei 84/99, o AI-5 da internet que tem como finalidade eliminar a concorrência, o direito de divulgação e difusão de notícias. Censura. Mesmo que este veículo não chegue à totalidade da população, melhor censurar.

Nesta situação viciada, até mesmo a prática jornalística sofre. Não temos no Brasil o jornalismo investigativo. Apenas o declaratório, como disse o jornalista Caco Bracelos no Seminário “Poder Judiciário e Imprensa”, promovido pela Escola de Magistratura da Justiça Federal da Terceira Região. Ele explica que o jornalismo investigativo é aquele que investiga antes da notícia se tornar pública. O declaratório é aqiele que se baseia em fontes públicas ou privadas e a informação é dada da forma como foi obtida. No máximo se ouve a outra parte. E quando as dias partes falseiam a verdade? É este o jornalismo praticado pela "grande imprensa". Reduzem-se as despesas. Não precisa, pois são os donos da verdade. E, na defesa de seus próprios interesses, qualquer meio se justifica. Temos notícia recente de meios criminosos para justificar campanha difamatória. Campanha esta que, baseada em declarações, nem sempre podem ser comprovadas como foi o caso de Collor, contra o qual nada se provou mas que foi cassado. Ou do "mensalão", que não foi comprovado até hoje. Recentemente tivemos a tentativa de invasão do quarto ocupado por José Dirceu para obter alguma evidência de alguma coisa, além da tentativa de "plantar" evidências. Sabemos que a obtenção de certas "informações" são remuneradas ou obtidas de forma, no mínimo, anti-ética. Estes crimes e estes "enganos" provocados por falsas declarações não têm nenhuma conseqüência para a tal "grande imprensa", que age em nome de seus próprios interesses.

Quais são os interesses? Vamos dar um exemplo: Editora Abril, que recebeu do governo federal (ao qual tanto combate) mais de um quinto dos recursos do MEC para a compra de livros didáticos e do governo de São Paulo (contraprestação?) uma fabulosa quantia para aquisição de assinaturas da revista "Guia do Estudante", que destina 25% da tiragem para o governo paulista. Se formos considerar outras publicações e outros estados da Federação, veremos que é uma quantia significativa que sorve recursos públicos. Por isso não se admitem concorrentes como se o jornalismo não tivesse uma função social muito grande. Como se fosse apenas venda de algum artigo supérfluo. Aos concorrentes, censura.

Quando se fala em marco regulatório que democratize a informação, vemos o mesmo jargão de sempre: querem censurar a imprensa. Esta é o mote divulgado por quem censura as informações que devem ou não chegar ao conhecimento da sociedade. Chegou a hora de acabr definitivamente com a censura.

Um comentário:

  1. Saudações!
    Amigo ERICK:
    O artigo que você fez foi tão bem construído que se tornou difícil eu saber realmente de que lado eu devo ficar. Cidadãos acusados de formação de quadrilha, imprensa livre ou os patrocinadores ocultos da imprensa, (leia-se governo e grandes corporações). Perdoe-me, mas a minha santa miopia me levam a descrer nesses emaranhados de (des) governos e escalas de poderes. Se bem que existem jornalistas que desejam a todo custo cravar em nossas mentes que a imprensa é apenas um quarto poder. Eu acho que inexiste essa estória de divisões e ou escalões de poder. Todos os poderes encontram-se no topo. Em primeiro lugar atuando e em suas respectivas áreas.
    Eu acho que a imprensa não deve ser livre, deve sim, passar a existir de fato um órgão fiscalizador. Onde não reina a ordem, se planta a desordem. E onde o estado se faz ausente o crime se fará presente. Do mesmo jeito que os governantes devem cumprir com as suas obrigações constitucionais, o jornalista, o escrevinhador também, e assim deve ser o pedreiro, o gari, qualquer cidadão. Agora, não devemos esquecer que o povo em geral se espelha no líder ou lideres maiores que se encontram ou algum dia dirigiram o país. Essa estorieta de que fulano não cometeu um deslize, é até cabível, mas, não passável de goela abaixo. Quem foi acusado de algum deslize que se afaste imediatamente da vida pública até o final da apuração e não usar de influências de terceiros, de “amigos” para sobreviver a sombra da impunidade, pousando de “bom moço”, quando em procedimentos deixou um rastro de suspeições a serem apuradas. Então que se faça a justiça e o réu que aguarde desempenhando outras funções, pois, existem mil maneiras de se ganhar dinheiro.
    Gostaria muito que o meu amigo me compreendesse, mas, em se tratando de imprensas manipuladas, de vendilhões de espaços, de quaisquer coisas que alguém ensaia confundir os meus princípios o que não é o caso que você sabiamente expos.
    Parabenizo-o por mais um magnífico Post!
    Abraços,
    LISON.

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