domingo, 26 de julho de 2009

Saudades de minha taba querida

Um dia, nas terras hoje chamada Brasil, existiu um povo diferente dos que aqui habitamos. Não utilizavam roupas, tinham uma religião baseada nos na natureza e nos antepassados (não necessáriamente nesta ordem) onde a floresta, os animais e os homens tinham a mesma origem e natureza e onde era necessário absoluto sincronismo entre os seres já que existia uma raiz fraterna e comum a todos.

O mais interessante era o regime social e político daqueles povos. Podemos dizer que eram anarquistas. E realmente eram. Não existia uma ordem hierárquica mas uma ordem social. O cacique, aliás morubixaba, não era o chefe da nação era apenas o líder comunitário e militar aceito que tinha mais deveres do que direitos e o pajé (paîé) era o líder espiritual e responsável pela saúde de toda a tribo. O princípio seguido por todos era o respeito à individualidade. Um índio não mandava no outro. Nunca. Cada ser tinha respeitada sua pessonalidade mas os indivíduos tinham o senso da responsabilidade social, que era uma característica cuntural intrínseca. O pior pesadelo para um membro da comunidade era não poder ser útil à sociedade na qual vivia. E o pior crime era não dividir as conquistas com a comunidade. Não que alguém criticasse: era caráter. Isto era sentimento passado dos pais para os filhos.
Havia um conselho que decidia as ações políticas gerais da sociedade: era o conselho de anciãos, edifício situado no centro da aldeia (taba) onde só os homens adultos entravam. Diga-se que o ancião era um dos mais respeitados pela comunidade. O ancião e a criança. As tarefas eram muito bem divididas, cabendo à mulher a guarda da casa, assim compreendidos o edifício (oka) e a plantação além da educação das crianças (kunumim). Ao homem cabia a extração das riquezas da floresta e a proteção da aldeia. Extremamente ciumentos para com os bens da comunidade, este sentimento comun substituia nossa ambição pessoal. Para eles não existia bem pessoal nem propriedade privada. Só o comunitário. Eram muito violentos e territoriais para com outros povos quando concorriam com eles ou os ameaçavam.

Que saudade daqueles tempos de liberdade e respeito!





(Extraido das conversas com meu querido e saudoso Orlando Vilas Boas)


2 comentários:

  1. Que belo texto, Erick. Aí chegou o homem "civilizado" e acabou com tudo isso, inclusive com o povo que aqui vivia feliz.

    Abraços

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  2. nós acabamos com eles e ainda tiramos o pouco de terra que restou...será que um dia vamos aprender a ser solidário? espero que sim...valeu...fuiiii

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