Hoje os principais meios de comunicação estão nas mãos de poucas empresas. Trata-se de um setor de interesse público que está concentrado, onde, inclusive, se pratica a propriedade cruzada dos meios de comunicação, onde tais empresas, além de controlarem, em seu cartel todos os gêneros de mídia, controlam também sua difusão e distribuição, fechando as portas à concorrência.
E estes mesmos principais meios de comunicação, chamados de "grande imprensa", se tornaram grandes graças à outorga deste poder pela censura, no regime militar. Nesta época, jornais e emissoras de rádio e televisão que ousavam desafiar o poder constituído, eram fechados pela força ou pela falta de condições de sobrevivência. Mas alguns, que colaboraram com a ordem então constituída, ficaram e se fortaleceram, tornando-se verdadeiros impérios.
Com a "anistia" e com a "auto-anistia", com a queda do regime ditatorial, não houve alteração no quadro midiático. As mesmas empresas "colaboracionistas" continuam com a mesma linha editorial daquele tempo. Uma linha editorial que defende os mesmos interesses de outrora. Esta "grande imprensa" é o juiz que decide o que é melhor para a população. O que a população deve ou não saber. Algumas notícias, se tornam ordem do dia. Outras são engavetadas. Não há diversidade, pois a empresa "A" noticia e a "B" e "C" repercutem. Trata-se de censura ostensiva dos fatos que a sociedade deve saber. A mesma censura dos tempos da ditadura.
Temos a internet, que pluraliza. Na internet os fatos são noticiados. Mas a "grande imprensa" reage. Procura fazer crer que as notícias divulgadas pela internet não têm a mesma "credibilidade" da deles, quando às vezes ocorre ao contrário disso. Existe até o projeto de lei 84/99, o AI-5 da internet que tem como finalidade eliminar a concorrência, o direito de divulgação e difusão de notícias. Censura. Mesmo que este veículo não chegue à totalidade da população, melhor censurar.
Nesta situação viciada, até mesmo a prática jornalística sofre. Não temos no Brasil o jornalismo investigativo. Apenas o declaratório, como disse o jornalista Caco Bracelos no Seminário “Poder Judiciário e Imprensa”, promovido pela Escola de Magistratura da Justiça Federal da Terceira Região. Ele explica que o jornalismo investigativo é aquele que investiga antes da notícia se tornar pública. O declaratório é aqiele que se baseia em fontes públicas ou privadas e a informação é dada da forma como foi obtida. No máximo se ouve a outra parte. E quando as dias partes falseiam a verdade? É este o jornalismo praticado pela "grande imprensa". Reduzem-se as despesas. Não precisa, pois são os donos da verdade. E, na defesa de seus próprios interesses, qualquer meio se justifica. Temos notícia recente de meios criminosos para justificar campanha difamatória. Campanha esta que, baseada em declarações, nem sempre podem ser comprovadas como foi o caso de Collor, contra o qual nada se provou mas que foi cassado. Ou do "mensalão", que não foi comprovado até hoje. Recentemente tivemos a tentativa de invasão do quarto ocupado por José Dirceu para obter alguma evidência de alguma coisa, além da tentativa de "plantar" evidências. Sabemos que a obtenção de certas "informações" são remuneradas ou obtidas de forma, no mínimo, anti-ética. Estes crimes e estes "enganos" provocados por falsas declarações não têm nenhuma conseqüência para a tal "grande imprensa", que age em nome de seus próprios interesses.
Quais são os interesses? Vamos dar um exemplo: Editora Abril, que recebeu do governo federal (ao qual tanto combate) mais de um quinto dos recursos do MEC para a compra de livros didáticos e do governo de São Paulo (contraprestação?) uma fabulosa quantia para aquisição de assinaturas da revista "Guia do Estudante", que destina 25% da tiragem para o governo paulista. Se formos considerar outras publicações e outros estados da Federação, veremos que é uma quantia significativa que sorve recursos públicos. Por isso não se admitem concorrentes como se o jornalismo não tivesse uma função social muito grande. Como se fosse apenas venda de algum artigo supérfluo. Aos concorrentes, censura.
Quando se fala em marco regulatório que democratize a informação, vemos o mesmo jargão de sempre: querem censurar a imprensa. Esta é o mote divulgado por quem censura as informações que devem ou não chegar ao conhecimento da sociedade. Chegou a hora de acabr definitivamente com a censura.